SEGUIR NO FACE

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

COPACABANA

O sonho que tenho,
aqui nunca acontecerá.
Vivo nas madrugadas,
durmo ao amanhecer,
quase choro sem querer.
Tento pensar na minha infância,
que por mais sofrida que me foi,
ainda valeu ser criança.
Me cansei já da vida,
pelo menos da vida que até hoje tive.
Estou na cidade,cidade famosa cidade.
Rodeado de pessoas,sozinho,
por quê será que somos tão sós?
Vejo na madrugada,a alegria de mentira
nos olhos de algumas pessoas.
Vejo pelas ruas,a tristeza desses meninos,
roubando pra viver.
Nos olhos do mendigo afaimado,
a triste sina,da amarga vida do não ter.
Estou num bar,quase ébrio,
tentando me lembrar o que fui fazer ali.
Já experimentei tudo.
Nada me bastou,estou muito sujo,
até minhas ideias não são mais as mesmas;
Estou com sono,confuso e cansado.
Cansado disso tudo,que ouso chamar de viver.
As pessoas que conheço,
as desconheço a cada dia,
não sei se  mostram suas faces 
ou se escondem quem querem ser.
Hoje tem pão pra eu comer,
mas amanhã quem sabe?
Estou triste,o sorriso que me sai,não sei...
mas acho que é por pena de mim mesmo.
Somos burros o bastante,pra errarmos e calarmos,disfarçarmos.
Hoje eu fumo dois maços,amanhã não fumo nada,
tem graça?
Falando nisso,acho graça da desgraça triste
que me assiste,batendo palmas,
pedindo bis.
Não sou,nem nunca fui um pessimista,
apenas vejo e me calo,
sou fatalista.
Quem sabe um copo a mais e me declaro...
Que a verdade,bem no fundo eu conheço
e tô cansado desse mundo.
Tristeza me olha sorrindo,
zomba de mim e pergunta:
Tá reclamando do que?
Não foi você que escolheu?
Talvez.
Talvez eu tenha escolhido,mas não era isso
o que eu queria.
Trocista que é,ela responde:
Agora é tarde.
Tarde pra ir deitar,cedo pra levantar,
que diferença faz?
Do fundo do coração,minha onda já passou,
e nem notei.
Sorrio pra mim mesmo,de mim mesmo,lamento.
Eu queria chorar mas não consigo,
não tenho onde,cadê meu ombro amigo?
Gente comendo gente,
matando a gente pouco a pouco,
devagarinho que nem sente;
Quando se nota,foi se embora o ser humano
que havia dentro da gente.
E o dinheiro é o culpado.
Escorrega de nossas mãos,rindo dizendo que volta e só mais um pouquinho de nosso sangue,
e ele volta,sorrindo já se despede,
dizendo que volta,isso revolta.
É alegria de poucos,infelicidade pra muitos;
bem quem se importa com isso?
Minha vida não vale um centavo mesmo.
Nem você,Copacabana.

22/09/94







 







Nenhum comentário:

Postar um comentário